O interesse pelo assunto Indicadores em RH tem crescido muito nos últimos tempos. Enquanto o interesse cresce, aumenta a minha impressao de que estamos caminhando para o lado errado.Indicadores servem para que? A resposta óbvia é 'para medir', certo? Errado. Indicadores servem para ajudar na tomada de decisões, para servir de balisa da gestäo. É exatamente aqui que acredito estarmos perdendo o rumo.
É certo que nossa área (entenda-se RH) nao tem tradição na coisa dos números, especialmente nos assuntos relacionados a desenvolvimento. E também dá para entender que o povo ande preocupado, tentando provar que, sim, damos resultados. Porém, mais importante que isso, é demonstrarmos que sabemos para que tudo isso existe, dentro da lógica empresarial.
A lógica das medidas em gestão
Qualquer medida só tem sentido quando inserida num contexto e com uma finalidade. Mudando a finalidade muda a medida e as ações para alcançá-la.
Vou dar um exemplo, muito comum na minha experiência como consultor. Sou constantemente procurado para elaborar projetos de desenvolvimento de líderes. Quando disparo a pergunta 'para que vocês estäo pensando nisso?' a resposta é muito 'profunda': 'por que sim, oras!' Quando muito, consigo arrancar algumas vagas idéias e percepçôes do que se está buscando ali. Este é o ponto: sem um problema real para resolver não é possível buscar soluções e, consequentemente, medidas. Como já dizia Sêneca, 'näo existe vento a favor quando näo se sabe para onde vai'.
Indicadores devem ser definidos à partir de uma análise minuciosa dos desafios de gestäo de pessoas, previstos e demandados pela elaboraçäo estratégica e tática da organizacäo. Com uma noção clara dos objetivos, fica fácil escolher e medir resultados. No exemplo de um projeto de desenvolvimento de líderes, garantir que pelo menos 50% da necessidade de novos líderes seja suprida por aproveitamento interno, nos proximos 3 anos, é uma razão mais que justa para o investimento, caso a empresa esteja planejando uma rápida expansão e receie perder suas característica culturais de sucesso trazendo líderes do mercado.
De outra forma, igualmente válida seria a meta de reduzir o turn-over em 30% em um prazo de 1 ano, caso uma empresa de tecnologia tenha percebido estar perdendo seus melhores técnicos para a concorrência, drenando seu valioso capital intelectual, porque seus líderes atuais não têm sido hábeis para liderar a exigente geração Y.
Como começar a construir um bom painel de indicadores
Para aqueles interessados em desenvolver um painel de indicadores para sua gestão de RH, aqui vai um passo-a-passo para enfrentar o desfio sem medo:
- Avalie com o mais alto nível de liderança a que tiver acesso na empresa quais são os desafios de curto, médio e longo prazos em que o elemento 'gestão de pessoas' está envolvido;
- Discuta e identifique os resultados concretos que devem ser alcançados para viabilizar e apoiar os projetos e metas da organização;
- Defina, com a ajuda e participação ativa dos gestores, qual a melhor fórmula para medir o avanço em direçäo aos objetivos identificados;
- Só então debruce-se sobre os planos de ação (leia-se questôes técnicas de RH), que irão produzir os resultados pretendidos. Estes projetos também merecerão seus próprios indicadores, compondo um painel de causa e efeito;
- Valide o plano com a alta administração. Reveja e reconsidere seu plano quantas vezes for necessário até que estejam de acordo.
4 comentários:
Prezado Egea,
extremamente oportuno seu post sobre indicadores. Embora meu comentario esteja "um pouco atrasado" (mas afinal eu so descobri seu blog agorinha! E por causa da Dona Eunildes!), como eu sou a responsavel por compilar todas essas informacoes na minha empresa, sinto que e um trabalho jogado fora. Ninguem, absolutamente, sabe o que fazer com esses numeros, nem localmente nem na nossa matriz no exterior.
Devo dizer o quanto isso e frustrante? Ate que ponto podemos dizer entao que somos estrategicos e nao apenas meros implantadores (ou melhor, adaptadores) de processos? E assim caminha a Humanidade!
Um abraco,
Gabriela
Sabe, Gabriela, as frustações vão se acumulando e de repente nos damos conta que elas não fazem mais sentido. Fazemos pela causa. Após discutir com muitos profissionais esta questão, me dei conta que a maioria ainda está engatinhando neste assunto. Talvez o interesse crescente - e uma maior compreensão da importância e forma correta de uso - nos leve de volta à relevância. Não fique triste: muitos ainda nem podem se dar ao luxo de estarem frustrados. Um grande abraço,,,,,,
Muito bom o texto, Egea. Compartilho o interesse pois atuo como especialista em Medição e Análise para processos de desenvolvimento de software. Nesta linha há um paradigma interessante, que vc deve conhecer, chamado GQM (goal, question, metric), que orienta a definição de indicadores, sejam direcionadores ou resultantes, baseado numa análise do problema que se pretende endereçar, das entidades envolvidas no problema e de seus atributos.
Quando passar aí por SP podemos - entre chopps e acepipes - aprofundar o tema e trocar figurinhas. Ou não !!
Abraço
Roberto Slomka
Grande Roberto Slonka! Não conheço a metodologia que você cita e será um prazer misturar o papo de 30 anos atrás com tecnologia e indicadores! Um abraço,,,
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