A revista Fortune publicou esta semana: o Google perdeu a liderança na sua pesquisa das melhores empresas para se trabalhar. A notícia chama atenção por dois motivos. Primeiro pelo oba-oba que se criou em torno da empresa como um local de trabalho descontraído e (aparentemente) perfeito. Em segundo lugar pelo desconhecimento da maioria das pessoas sobre o processo pelo qual as pesquisas deste tipo sao feitas. Uma coisa ajuda a desmistificar a outra, e vice-versa.
O Google nasceu num novo contexto empresarial, do qual fazem parte milhares de outras empresas dedicadas ao mundo a tecnologia da informacao (TI), tanto de hardware quanto de software. Desde a década de 80, quando a informática entrou de vez na vida do cidadão comum, várias empresas deste segmento despontaram como sonhos de emprego para a juventude. Foi assim com a Microsoft e com a Apple. Por que não seria com o Google: chefes jovens e uma empresa de sucesso. As fotos e reportagens que mostram o ambiente informal e falam das regras pouco rigidas de trabalho rodoram o mundo, colaborando para tornar tudo ainda mais sexy... Um charme! Eu me espantaria se fosse diferente. O Google herdou anos de aprendizado organizacional, ajudando-o a não cometer erros do passado. É uma organização jovem, que se permite testar novas fórmulas para criar um ambiente motivador onde as pessoas gostem e queiram trabalhar. No entanto, tem crescido rapidamente e, como tambekm já tive a oportunidade de ler na imprensa especializada, está tendo que rever alguns de seus princcipios liberais para tornar a empresa ais eficiente. Aconteceu a mesma coisa na Microsoft e na Apple. Numa matéria publicada na revista Exame em 2008, ficamos sabendo que a Microsoft substituiu sua VP de RH por uma profssional de Marketing, numa tentativa de reverter a fuga de talentos. A empresa não estava conseguindo criar oportunidades e estimulo adequado às expectativas da geração Y.
Acho não só que o Google não deixou de ser um bom lugar para se trabalhar como também acho que talvez nunca tenha sido o primeiro, porque estas pesquisas são válidas apenas quando compreendidas em seu contexto.
O problema com as pesquisa do tipo "melhor lugar" é que sâo comparações entre empresas inscritas e näo com todo o mercado. É bem provável que existam mais boas empresas para se trabalhar, mas que näo participam de pesquisas. Além disso, os critérios säo estatísticos; nada garante que, em trabalhando num lugar destes, um profissional tenha o azar de cair com um chefe do primeiro percentil... e vai ficar bravo com isso.
A febre das "melhores empresas" é diretamente proporcional à incompetência dos gestores em criar ambientes estimulantes, e o problema só tende a crescer. As novas gerações säo cada vez mais exigentes e desconectadas dos princípios como lealdade na carrreira e respeito cego à autoridade e hierarquia. Eles e elas querem mais, e näo é só prestígio: buscam realizaçäo, desafios e espaço para criar e expandir seu potencial. Esse é apenas um dos aspectos que as pesquisas das "melhores" investigam muito pouco, já que preferem se ater a políticas de RH.
Reconheço o esforço das empresas que participam destas pesquisas, buscando um benchmark saudável, tentando tornar sua marca mais desejada e amplificando sua força de atraçäo de talentos. Mas sem exageros no marketing, por favor.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
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